
O caso remonta a julho 2009 quando, numa madrugada de sexta-feira para sábado num notário exterior à autarquia, a Câmara Municipal de Aveiro vendeu ao Beira-Mar os terrenos das piscinas por 1,2 milhões de euros. Em ato contínuo, o Beira-Mar vendeu o mesmo por 2,5 milhões de euros a uma imobiliária. O terreno foi vendido e revendido em minutos mas nunca chegou a ser pago à autarquia. As estruturas das piscinas (uma olímpica, a única do distrito) foram destruídas pela imobiliária e o terreno está ao abandono.
A investigação da Polícia Judiciária concluiu, segundo o JN, que foi Mano Nunes que deu ordem por escrito ao Finibanco para não pagar o cheque à Câmara e que, dias depois transferiu “cerca de um milhão de euros” para uma sua conta, alegadamente para pagar adiantamentos feitos ao clube. Semanas depois demitiu-se da Presidência do clube.
No momento de venda e revenda do terreno, os dirigentes do clube pediram aos autarcas para que não descontassem o cheque imediatamente de forma a concretizar primeiro o negócio com a imobiliária. Os autarcas respeitaram o pedido e quando dias depois tentaram depositar o cheque o mesmo foi devolvido “sem qualquer justificação do Finibanco, que alegava sigilo bancário”. Curiosamente, apesar de naquela noite estar presente, Mano Nunes não assinou o cheque do clube.
De acordo com um texto de dois ex-assessores, da autarquia e do clube, o terreno foi deliberadamente vendido abaixo do seu valor real para permitir mais-valias urbanísticas ao clube. O Presidente da Câmara, Élio Maia, terá estado desde muito antes da venda do terreno sempre a par das negociações para a revenda do mesmo por parte do clube. Terá sido ainda Élio Maia a escolher o notário exterior à autarquia para a realização do negócio para esconder a transação de dois vereadores da sua coligação, um credor e outro familiar de um credor e para evitar que tentassem inviabilizar o negócio através de alguma penhora sobre o clube.