Bolsonaro o profeta enviado pelo poder económico
Na campanha eleitoral para as eleições presidenciais no Brasil, ficaram vincados, mais do que nunca, os interesses de classe. As elites económicas e religiosas Brasileiras consideram que a democracia atrapalha a acumulação de riqueza.
O poder económico, em conjunto com os líderes fundamentalistas religiosos, construíram um novo profeta enviado pelo seu Deus (o dinheiro), que tem uma missão de salvar o Brasil (os seus interesses).
É esta é a verdadeira missão do profeta Bolsonaro, que mudou mais vezes de partido do que de camisa. Contam-se 9 as vezes que mudou de partido político, tendo todos esses partidos estado envolvidos nos escândalos de corrupção que se conhece. Bolsonaro está, portanto, longe de ser ficha limpa que advoga ser.
Tal como na idade média, o povo incorporou que a salvação para os seus males (exploração vil feita pelas elites que construíram este novo profeta), era o novo messias, que embora este tenha dificuldade em articular duas frases seguidas, tem a bênção dos líderes religiosos e dos mercenários da fé. Tal como há dois mil anos atrás, o povo escolheu quem os poderes religiosos e económicos queriam.
A história diz-nos que a homofobia, patriarcalismo e a corrupção estão no ADN de todos os fundamentalistas religiosos, sem excepção.
Toda esta construção é ideológica, com objetivos bem claros: retirar direitos aos trabalhadores, destruir o estado social, reforçar o aparelho militar e forças policiais, desmembrar os direitos sociais e, por conseguinte, a democracia brasileira.
A corrupção vai aumentar fortemente, mas agora ancorada em alterações legislativas que lhe vão dar um enquadramento legal. A corrupção está na génese do capitalismo. Não há capitalismo sem corrupção. As populações só se livram da corrupção, quando se livrarem do capitalismo. Os corrompidos são sempre comprados pelos corruptores estando assim ao serviço do poder económico.
Muitos à esquerda, ainda atordoados com a vitoria deste fariseu dos tempos modernos, consideram que a esquerda tem de ganhar a batalha das redes sociais, esquecendo-se do óbvio. Quem detêm estes novos mecanismos de comunicação, altamente lucrativos, é o poder económico, conseguindo assim disseminar de forma global a ideologia hegemónica. Basta perceber como funcionou, e quem financiou, a famosa caixa 2, onde milhões de euros foram gastos nas presidenciais no Brasil. O poder económico não é, nem nunca foi masoquista.
Não podemos abandonar o confronto nas redes sociais, mas temos a obrigação de perceber o desequilíbrio existente à partida.
Para responder ao avanço do fascismo, a esquerda tem de ter propostas claras e simplificadas, que desconstruam a narrativa fascizante, criando uma alternativa que transforme a vida dos povos, trazendo de volta a esperança de uma vida melhor para as populações, assente em mais democracia, justiça social, educação e saúde públicas com qualidade e gratuitas para todos.
Só há um caminho para combater a criminalidade: mais e melhores políticas sociais e desarmamento total. O belicismo e o autoritarismo sempre provocaram o terror na vida dos trabalhadores e dos povos.